O título acima é de um antigo provérbio português e como todo provérbio, contém a essência da atualidade. Claro como o cristal, sinaliza o quão dispendiosa será a velhice para quem na juventude renegar o trabalho.
Mas, mais do que atual eu diria que ele traduz uma condição quase endêmica de nosso tempo, cuja “genética” parece passar de pai para filho, numa crescente e perigosa onda de inversão de valores.
Numa análise de sua aplicação sobre gerações passadas, eu diria que antes ele poderia retratar alguns indivíduos “preguiçosos”, avessos ao trabalho, lentos na lida. Hoje, porém, a frase está mais galgada num pensamento coletivo e imediatista construído na crença ou no direito de receber antes de realizar, de querer ainda mais antes mesmo de evoluir.
Exemplificando a diferença deste indivíduo do ontem com a massa do hoje, basta uma análise sobre como as gerações passadas eram educadas para estudar e trabalhar com base nas recompensas futuras, cientes de que o começo de suas batalhas com poucas remunerações fazia parte de uma longa jornada, em que cada degrau deveria ser recompensado e valorizado mais adiante.
Hoje, porém, vemos uma dinâmica de busca de reconhecimento fugaz, com base no pouco esforço, ou com uma visão distorcida de esforço.
Talvez este “fenômeno” se justifique pela baixa qualificação que se inicia nas bases familiares, passando pelos processos escolares até os processos profissionais e que se configuram em falta de dedicação e compromisso, que por sua vez geram improdutividade e falta de desenvolvimento.
E ao contrário do que alguns pensam, o problema não está arraigado nas classes menos favorecidas financeiramente, mas espalhada em todas as classes, em diferentes níveis e por diferentes motivos. Uma complexa disfunção sócio-econômico-cultural que afeta o desenvolvimento de todo um coletivo, de toda a nação.