Os anos passam, avançam e com eles envelhecemos, certo? Mas o que é envelhecer para você? Se formos seguir a tradução dos dicionários, os significados não trarão palavras muito amigáveis, centradas basicamente no sentido do ultrapassado, obsoleto, desusado. Talvez seja por isso que para a grande maioria das pessoas o envelhecer pareça tão penoso.
Com quatro décadas de vida, acredito que já possa falar um pouquinho sobre este processo, que prefiro nomear como amadurecer, e sua tradução muito mais agradável, baseada em apurar, tornar-se experiente, comedido.
Se pararmos para analisar, as traduções das duas palavras de fato diferenciam as pessoas e a forma como conduzem suas vidas, geralmente tornando aquelas que mais temem o envelhecer, mais pesarosas e suscetíveis aos seus infortúnios, se comparadas com aquelas que optam por “madurar”.
Sim, eu sei que com o passar do tempo perdemos o viço, o vigor físico, ficamos mais lentos e suscetíveis às doenças, mas seria totalmente injusto resumir o envelhecer apenas às perdas, quando na verdade ele nos traz um universo de qualidades inimagináveis e incompreensíveis quando jovens, como mais seletividade e maior capacidade de discernimento sobre o quanto devemos investir de nossa energia, mais escassa e muito mais preciosa, no que é realmente bom, em quem é realmente bom.
Garanto que a despeito das perdas físicas sobre visão, audição, olfato, tato e paladar, com o tempo nossos sentidos aguçam, tornando-se muito mais apurados sobre gostos, prazeres, sabores e valores.
Dizer que gosto e me orgulho de minhas rugas que, aliás, em meu rosto deram os primeiros sinais ainda na juventude, seria hipocrisia. Não, não gosto delas, mas o tempo me ensinou que elas não são importantes diante do legado que construí por trás da minha face. E o que sinto a respeito delas hoje é, na verdade, é de são provas importantes do quanto eu amadureci por dentro.